Intervenção da Deputada Municipal Adélia Batata na Assembleia Municipal de dia 29 de setembro de 2022
Intervenção da Deputada Municipal Adélia Batata no período antes da ordem do dia na reunião da Assembleia Municipal de dia 29 de setembro de 2022:

"Ex Srº Presidente da Assembleia Municipal Ex Srº Presidente da Câmara Municipal 
EXº Srs Vereadores 
Exs Srs Presidentes de Junta de Freguesia 
Caros Colegas deputados 
Minhas senhoras, Meus Senhores

Recentemente em conversa com um jovem da freguesia de Ferreira-a-Nova, o mesmo questionou -me o seguinte: 
Que alfaia leva aquele trator e para que serve? 
Eu respondi: Então não sabes é um tanque cisterna. 
Ele: Tanque cisterna aqui perto das habitações, para quê? 
Eu: Então, para limpar as fossas séticas.  
Ele: Então, mas nós ainda não temos ramal de saneamento básico? Parece que estamos num pais subdesenvolvido? 
Sr. presidente, o que vamos responder a estes jovens? Estamos mesmo num país subdesenvolvido ou apenas estamos esquecidos? Na realidade, em pleno século XXI, ainda existem muitas localidades a Norte do concelho que não têm uma rede de saneamento básico integral ao serviço da população. 
Aliás, não deixa de ser incompreensível porque é que na mesma freguesia existem ruas com rede de saneamento a funcionar há alguns anos e outras, que continuam sem previsão para a execução desta infraestrutura básica em qualquer país desenvolvido. 
Estes habitantes não merecem as mesmas condições dos restantes habitantes do concelho? 
Será que existem cidadãos de primeira e outros de segunda? 
Mas no seguimento da conversa o jovem continuou com o seu desabafo, que não é mais do que a constatação de uma triste realidade de há décadas: 
Pois, aqui não há nada. Até para ir para a escola tenho de me levantar às 6h da manhã porque não há uma única alternativa de transporte àquela que havia no tempo da minha avó, o autocarro que passa em diversas aldeias e freguesias do concelho demorando cerca de 1h30m para chegar à escola. Quando chego à escola já vou cansado, o que me vale é que também já lá encontro colegas do Sul do concelho que estão nas mesmas condições. Olhe, qualquer dia vou viver para a Figueira, além de não ter grande oferta de transportes para a escola, os meus pais querem construir uma casa aqui na aldeia, têm vários terrenos que eram dos meus avós, mas dizem que a Câmara não os deixa lá construir, dizem que é por causa de um tal de PDM, nem sei bem o que é isso. Mas sabe os terrenos até estão bem localizados, estão à beira da estrada e têm rede de água e luz e outras casas por perto. Não sei porque não os deixam construir. Era bom que esse PDM fosse alterado porque nem toda a gente tem capacidade financeira para comprar casa na cidade. 
Mas olha os meus pais ainda dizem mais: 
Estas estradas estão uma desgraça, a maior parte a necessitar de pavimento, há quase 20 anos que não têm qualquer intervenção. 
Pergunto Sr. Presidente estes jovens não têm os mesmos direitos dos jovens da cidade? Ou vamos canalizar todos para a cidade? Estamos a ver que a desertificação rural é uma constante, os campos estão todos por cultivar, a população está envelhecida e isolada. 
É de lamentar que as alterações ao PDM, nomeadamente a última, tenham servido só para criar obstáculos de forma a empurrarem os nossos jovens para a aquisição das casas e apartamentos construídos na cidade contribuindo para a desertificação das freguesias rurais. 
É urgente criar condições e atrações para manter e atrair a população jovem às freguesias rurais.
É urgente rever-se o PDM em prol do desenvolvimento sustentado das freguesias rurais e manutenção dos nossos jovens. 
Adélia Batata 
Figueira da Foz, 29/09/2022"

 


Intervenção da Deputada Municipal Adélia Batata na Assembleia Municipal de dia 29 de setembro de 2022


Intervenção da Deputada Municipal Adélia Batata na Assembleia Municipal de dia 29 de setembro de 2022
Intervenção da Deputada Municipal Adélia Batata no período antes da ordem do dia na reunião da Assembleia Municipal de dia 29 de setembro de 2022:

"Ex Srº Presidente da Assembleia Municipal Ex Srº Presidente da Câmara Municipal 
EXº Srs Vereadores 
Exs Srs Presidentes de Junta de Freguesia 
Caros Colegas deputados 
Minhas senhoras, Meus Senhores

Recentemente em conversa com um jovem da freguesia de Ferreira-a-Nova, o mesmo questionou -me o seguinte: 
Que alfaia leva aquele trator e para que serve? 
Eu respondi: Então não sabes é um tanque cisterna. 
Ele: Tanque cisterna aqui perto das habitações, para quê? 
Eu: Então, para limpar as fossas séticas.  
Ele: Então, mas nós ainda não temos ramal de saneamento básico? Parece que estamos num pais subdesenvolvido? 
Sr. presidente, o que vamos responder a estes jovens? Estamos mesmo num país subdesenvolvido ou apenas estamos esquecidos? Na realidade, em pleno século XXI, ainda existem muitas localidades a Norte do concelho que não têm uma rede de saneamento básico integral ao serviço da população. 
Aliás, não deixa de ser incompreensível porque é que na mesma freguesia existem ruas com rede de saneamento a funcionar há alguns anos e outras, que continuam sem previsão para a execução desta infraestrutura básica em qualquer país desenvolvido. 
Estes habitantes não merecem as mesmas condições dos restantes habitantes do concelho? 
Será que existem cidadãos de primeira e outros de segunda? 
Mas no seguimento da conversa o jovem continuou com o seu desabafo, que não é mais do que a constatação de uma triste realidade de há décadas: 
Pois, aqui não há nada. Até para ir para a escola tenho de me levantar às 6h da manhã porque não há uma única alternativa de transporte àquela que havia no tempo da minha avó, o autocarro que passa em diversas aldeias e freguesias do concelho demorando cerca de 1h30m para chegar à escola. Quando chego à escola já vou cansado, o que me vale é que também já lá encontro colegas do Sul do concelho que estão nas mesmas condições. Olhe, qualquer dia vou viver para a Figueira, além de não ter grande oferta de transportes para a escola, os meus pais querem construir uma casa aqui na aldeia, têm vários terrenos que eram dos meus avós, mas dizem que a Câmara não os deixa lá construir, dizem que é por causa de um tal de PDM, nem sei bem o que é isso. Mas sabe os terrenos até estão bem localizados, estão à beira da estrada e têm rede de água e luz e outras casas por perto. Não sei porque não os deixam construir. Era bom que esse PDM fosse alterado porque nem toda a gente tem capacidade financeira para comprar casa na cidade. 
Mas olha os meus pais ainda dizem mais: 
Estas estradas estão uma desgraça, a maior parte a necessitar de pavimento, há quase 20 anos que não têm qualquer intervenção. 
Pergunto Sr. Presidente estes jovens não têm os mesmos direitos dos jovens da cidade? Ou vamos canalizar todos para a cidade? Estamos a ver que a desertificação rural é uma constante, os campos estão todos por cultivar, a população está envelhecida e isolada. 
É de lamentar que as alterações ao PDM, nomeadamente a última, tenham servido só para criar obstáculos de forma a empurrarem os nossos jovens para a aquisição das casas e apartamentos construídos na cidade contribuindo para a desertificação das freguesias rurais. 
É urgente criar condições e atrações para manter e atrair a população jovem às freguesias rurais.
É urgente rever-se o PDM em prol do desenvolvimento sustentado das freguesias rurais e manutenção dos nossos jovens. 
Adélia Batata 
Figueira da Foz, 29/09/2022"